Réu por provocar série de abortos em MS há mais de 10 anos segue sem condenação

Com primeiro caso relatado em outubro de 2010 e o último em março de 2020, o técnico de laboratório Dnilson Rodrigues Nunes, 45 anos, ainda não foi julgado pelos abortos denunciados. Os casos aconteceram em Porto Murtinho, cidade distante 454 quilômetros de Campo Grande, e um terminou com a morte de Aline dos Reis Franco, 26 anos.

A primeira denúncia que consta no sistema do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) é datada de dezembro de 2010. Naquele ano, em 27 de outubro, uma grávida de 6 meses teve ajuda do técnico laboratorial para provocar um aborto. Ele teria dado a ela comprimidos de Cytotec, além de outro medicamento inserido no canal vaginal.

Já na madrugada, a grávida começou a passar mal e abortou. No entanto, teve fortes dores e hemorragia e pediu ajuda ao namorado, que entrou em contato com Dnilson. Consta ainda na denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) que o técnico não foi encontrado, quando o casal acionou o Corpo de Bombeiros.

A mulher foi socorrida e levada ao hospital. Denunciante anônimo alertou Conselho Tutelar e a Polícia Civil e o caso foi descoberto. O feto foi encontrado enrolado em um casaco azul, na varanda da residência da mulher. O casal então confessou o aborto e revelou a ajuda do profissional, que cobrou R$ 250 pelo aborto.

A denúncia foi recebida em 2011, mas em audiência o processo contra Dnilson foi suspenso por 2 anos, caso cumprisse algumas medidas impostas. Ele descumpriu e o processo foi retomado. Depois, em nova audiência o processo voltou a ser suspenso. Em janeiro de 2017, o MPMS recorreu, já que em 2016 havia ocorrido um caso de aborto, com morte, envolvendo Dnilson.

O processo foi retomado e desde 2020 é aguardado agendamento de audiência.

Morte de Aline

Aline dos Reis Franco morava em Campo Grande e descobriu que estava grávida, mas decidiu abortar. Ela pediu ajuda a uma amiga e essa solicitou o ‘serviço’ de Dnilson, que cobrou R$ 600 para entregar os comprimidos de Cytotec. O medicamento foi levado para Campo Grande.

Assim, Aline tomou os comprimidos, mas não teve resultado. Ela decidiu ir até Porto Murtinho, onde Dnilson então teria feito um procedimento, no dia 6 de dezembro de 2016. Foi colocada na vítima uma sonda de infusão com frasco de soro e um medicamento não identificado, conforme apontado pelo MPMS na denúncia.

Logo em seguida Aline começou a passar mal e desmaiou, sendo levada pela amiga e Dnilson ao hospital. Eles alegaram que ela tinha desmaiado ao cair e bater com a cabeça. Aline foi transferida em vaga zero para Campo Grande, mas não resistiu e morreu. Dnilson se tornou réu em fevereiro de 2017 e audiência de instrução e julgamento está marcada para setembro de 2022.

Último caso

Em 27 de março de 2020, Dnilson novamente teria praticado o crime de aborto. Desta vez, uma mulher grávida de 3 meses, acompanhada do companheiro, procurou o acusado. O casal pagou R$ 600 e Dnilson ofereceu o medicamento, sendo que tomou e teve outro medicamento inserido no canal vaginal.

No dia 29 a mulher passou mal, teve contrações e sangramento e expeliu partes do feto. Ela procurou o hospital, mas alegou um aborto espontâneo após sofrer uma queda. No entanto, após os procedimentos, outras partes do feto foram encontradas ainda no corpo da mulher, levantando a suspeita.

Polícia Civil foi comunicada e, como verificado nas câmeras de segurança do hospital, Dnilson fugiu. O casal acabou revelando o aborto e a denúncia foi oferecida em dezembro de 2020, sendo recebida em fevereiro de 2021. Neste caso, audiência de instrução e julgamento foi marcada para setembro de 2022.

Fonte: midiamax