A SES (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul vem fortalecendo a estratégia de diagnóstico precoce e vigilância da tuberculose com o uso do raio-x portátil, tecnologia que tem ampliado significativamente a capacidade de triagem em ambientes de maior vulnerabilidade, principalmente nas unidades prisionais.
O método permite a realização de exames diretamente nos locais onde as pessoas privadas de liberdade estão, garantindo rapidez, segurança e maior alcance das ações. A iniciativa integra as ações do programa “Mais Saúde Prisional em Foco, que tem desenvolvido etapas contínuas de avaliação clínica, testagem e diagnóstico em diferentes unidades penais do Estado.
Em outubro, o Centro de Triagem “Anísio Lima”, em Campo Grande, recebeu pela primeira vez ação integrada, com oferta de testes rápidos para hepatites B e C, HIV e sífilis, consultas médicas e odontológicas, vacinação e cadastramento das informações em prontuário eletrônico. Ainda que o foco desta etapa tenha sido a triagem geral, o raio-x portátil, utilizado em outras fases do programa, segue como uma das principais ferramentas para as próximas avaliações voltadas à identificação precoce da tuberculose, permitindo a realização de exames em poucos minutos, sem a necessidade de deslocamento dos internos.
A Gerente de Saúde do Sistema Prisional da SES, Martha Goulart, reforça que o uso da tecnologia tem elevado o padrão de vigilância e resposta dentro das unidades. “A ferramenta ampliou nossa capacidade de monitorar, intervir e garantir diagnóstico precoce. Quanto mais rápido identificamos um caso, mais eficiente é o tratamento e maior é a proteção para toda a população privada de liberdade e para os trabalhadores do sistema prisional”, destaca Martha.
Um projeto com mais de uma década de atuação
O enfrentamento da tuberculose no sistema prisional de Mato Grosso do Sul está diretamente ligado ao projeto Tuberculose nas Prisões, coordenado pelos pesquisadores Mariana Croda e Júlio Croda, ambos professores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Júlio Croda também é pesquisador da Fiocruz/MS.
A iniciativa teve início em Dourados, ainda ligada ao antigo FGD, com a proposta pioneira de realizar triagem em massa, avaliando todos os privados de liberdade dos presídios do município. Com o avanço das pesquisas e a obtenção de financiamento, a proposta foi ampliada e apresentada ao Estado, resultando em uma cooperação que já dura mais de 10 anos.
Em 2012, a parceria possibilitou a execução de triagens em diversas unidades prisionais, e em 2017, um novo financiamento permitiu a criação de uma unidade móvel de diagnóstico, ampliando o alcance e a precisão das ações. Desde então, a SES e a equipe de pesquisadores vêm acumulando evidências científicas sobre a dinâmica de transmissão da tuberculose em ambientes prisionais.
Segundo a Dra. Mariana Croda, os internos têm mais riscos de contrair a doença. “As prisões concentram a população mais vulnerável à tuberculose no mundo. Nossas evidências mostram que o risco de contrair a doença nesses ambientes pode ser mais de 30 vezes maior do que em outros grupos considerados vulneráveis, afirma Mariana.
Entre os fatores que agravam essa condição estão a aglomeração, a baixa escolaridade, a desnutrição e o uso de substâncias como tabaco, álcool e drogas psicoativas, elementos que favorecem a rápida disseminação da doença.










