O ex-governador André Puccinelli e o filho dele, o advogado André Puccinelli Junior, deixaram no final da tarde desta quarta-feira, dia 19 de dezembro, as dependências do Centro de Triagem Anizio Lima, no Complexo Penitenciário de Campo Grande.
A saída ocorreu por ordem da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ao acatar recurso em habeas corpus no início da tarde, e em meio a uma “operação” coordenada por advogados e aliados, a fim de evitar contato dos dois com a imprensa.
Presos desde 20 de julho durante a operação Papiros de Lama, Puccinelli e o filho deixaram o Centro de Triagem em um automóvel Toyota Corolla pertencente a um advogado.
O veículo adentrou as dependências do complexo penal para buscar o ex-governador e Puccinelli Junior –prática pouco comum até aqui envolvendo presos provisórios no local, que deixavam o Centro de Triagem pela porta da frente e entravam nos veículos já na calçada.
Fotografados apenas dentro do veículo por jornalistas, Puccinelli e Puccinelli Junior deixaram o local sem dar declarações. Eles seguiram para o apartamento onde vive o ex-governador, em um edifício no Jardim dos Estados.
Minutos antes da soltura, o advogado Renê Siufi disse à imprensa que, provavelmente, o ex-governador e o filho não sairiam nesta quarta, pois a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) não havia sido notificada da decisão soltando os dois –a ministra do STJ determinou, por volta das 15h30 (de MS), que a Justiça Federal fosse notificada quanto ao habeas corpus.
Um grupo de pessoas, apontadas como assessores do ex-governador e de seus aliados, aguardavam a liberação tomando tereré em frente ao Centro de Triagem, enquanto um “batalhão” formado por sete advogados cuidava de trâmites burocráticos no local.
O habeas corpus põe fim a uma espera que durou cinco meses pela liberação do ex-governador. Puccinelli foi detido em 20 de julho pela segunda vez –em novembro de 2017, foram cerca de 40 horas à disposição da Justiça, também dentro das investigações da operação Papiros de Lama.
A operação investiga o uso do Instituto Ícone como suposto destino de recursos ilegais, provenientes de pagamentos de propina e desvios de verbas públicas, a serem entregues para Puccinelli.
Registrado em nome do advogado João Paulo Calves –também preso na ação, mas solto em 23 de outubro deste ano e colocado sob medidas restritivas de liberdade–, o Ícone pertenceria de fato a Puccinelli Junior.
Durante as investigações, também foi realizada ação de busca e apreensão em quitinetes em Indubrasil, que guardariam documentos e itens de Puccinelli. O Ministério Público e a Polícia Federal apontam haver ali provas de crimes como lavagem de dinheiro, com o uso de atividades rurais para esquentar recursos ilegais. Tais suspeitas foram rechaçadas pela defesa dos suspeitos.
O prejuízo apurado na Papiros de Lama supera os R$ 230 milhões. A ação integra a Lama Asfáltica que já chegou à sexta fase e apura ilegalidades em licitações e contratos na gestão de Puccinelli.