Familiares e amigos de Moisés Luiz da Silva Oliveira, morto por atropelamento há um ano, realizaram protesto em frente ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) na manhã desta sexta-feira (26).
O jovem, que na época tinha 26 anos, foi atropelado quando atravessava a faixa de pedestres no cruzamento da avenida Ceará com a rua Euclides da Cunha.
Eles acreditam que há algum tipo de proteção ao condutor e cobram celeridade da Justiça.
Um dos irmãos de Moisés, Felipe Luiz da Silva Oliveira, de 22 anos, que é estudante Serviço Social acredita que exista algo impedindo o evolução normal do inquérito.
“A gente está falando de um caso que aconteceu há um ano e o inquérito ainda nem foi concluído porque o cara é filho de delegado aposentado.
O MP não pode dar continuidade no processo porque não concluíram o inquérito até hoje, um ano depois.
O laudo pericial foi sair mais de 7 meses depois, quando o tempo de conclusão padrão é menor, e isso, porque a gente pressionou”, defende.
“A gente vê que estão segurando, estão fazendo proteção, só não sabe de quem. A gente clama por justiça e queremos mostrar que estão fazendo acobertamento. A gente quer que o MP cobre, das autoridades, providências”, denuncia.
Ele reclama que antes do sepultamento o condutor já estava solto.
Logo após o acidente, o condutor do veículo, o funcionário público Alderson Fante da Silva, de 33 anos, fugiu sem prestar socorro, pois dirigia embriagado.
Por causa da colisão, o parachoque do veículo ficou no local. Pela placa, a polícia conseguiu localizar e prender o servidor na casa em que mora no Bairro Carandá Bosque.
No entanto, pouco mais de 36 horas depois de atropelar o rapaz ele foi solto após pagar fiança de R$ 28,6 mil. “Acidente de trânsito como esse não é acidente, é crime”, protesta Felipe.
Além de pedir que a justiça seja feita, o protesto também atenta para conscientização no trânsito.
“A gente veio pedir mais conscientização no trânsito, de uma certa forma, e para se ter justiça no sentido de se entender que não é só mais um caso nas estatísticas”, adiciona Felipe.
Com cartazes, fotos e panfletos, os manifestantes também usaram a hashtag #todospelomoises.
Uma das avós de Moisés, a aposentada Hildelita Teixeira Oliveira, de 67 anos, mora na Bahia veio para participar do protesto. Ela e o marido chegaram há um mês.
“Esse crime foi de uma tamanha estupidez, que se não fosse a placa do carro que ficou no local do acidente, nós nem saberíamos quem tinha causado o acidente. Até hoje ele (o condutor) não deu nenhuma satisfação para os familiares. É uma situação cruel saber que não aconteceu nada um ano depois e ainda ficamos desacreditados se isso vai chegar acontecer”, lamenta ela.
Valesca Luiza da Silva, estudante de ciências contábeis e irmã de Moisés, conta sobre a união dos três irmãos.
Ela morava na Bahia e no início deste ano se mudou para ficar porto de Felipe. “Eu sinto que nós ficamos esquecidos, virou um caso isolado. A gente se sente incompleto hoje, éramos muito unidos”, afirma.
A mãe de Moisés, de 41 anos, mora em Dourados e trabalha como cuidadora de crianças em um abrigo. Os dois filhos contam que ela ainda está abalada e evitam evitam de falar no assunto “para que sofra com uma depressão”.
Atropelamento – O acidente aconteceu às 23h51, de quarta-feira (25) no cruzamento das ruas Ceará com a Euclides da Cunha, no Bairro Santa Fé, em Campo Grande.
Imagens de câmeras de segurança de uma conveniência flagraram o momento do acidente. O vídeo mostra Moisés ao lado de um amigo, aguardando o movimento de carros da Ceará para atravessar.
Depois do acidente, Alderson fugiu sem prestar socorro, mas foi encontrado em casa no Bairro Carandá Bosque.
Durante a prisão, os policiais constataram que o motorista apresentava sinais de embriaguez e por isso, mesmo com ele se negando a fazer o teste do bafômetro, foi autuado por homicídio culposo, omissão de socorro, por ter atropelado a vítima na faixa de pedestre e por dirigir com capacidade automotora alterada.
Na audiência de custódia realizada dois dias depois do atropelamento a juíza Joseliza Alessandra Vanzela Turini determinou a soltura do servidor.
O Campo Grande News entrou em contato com o advogado de Alderson, Honório Suguita. Ele diz que “entende o lado da família da vítima”, mas garante que não há privilégios em relação ao cliente.
“Acho que a promotoria pediu novas diligências, mas acredito que logo, logo, deve haver algum pronunciamento sobre o caso”.