– ‘Tem um esquema firmeza pra fortalecê os chegado aí’, diz o recrutador num grupo em busca de voluntários para um ‘corre’. – “Chama, pai’, respondem adolescentes usando a gíria equivalente a um ‘tô dentro’. O diálogo representa bem como está fácil atrair garotos e garotas com menos de 18 anos de idade para atuarem diretamente no narcotráfico.
O número de adolescentes envolvidos com o tráfico de drogas cresceu em Mato Grosso do Sul. De acordo com a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), de janeiro a julho de 2019, a Polícia Civil registrou 433 ocorrências do tipo com jovens de 12 a 17 anos, número 10% maior do que os 396 registros do ano passado.
Na última quinta-feira (15), por exemplo, a Polícia Militar apreendeu em Campo Grande um garoto de 17 anos por ato infracional análogo a tráfico em uma escola no bairro Santo Eugênio. A equipe foi acionada pela direção que informava a respeito do consumo de entorpecentes no pátio da unidade de ensino.
No local, a PM abordou adolescentes e descobriu que um deles fumava a maconha que havia sido fornecida pelo outro menor. Diante dos fatos, o menor, que estava com R$ 51 provenientes da venda de drogas, foi apreendido e encaminhado à Polícia Civil.
O delegado Hoffman D’Ávila Cândido e Souza, da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico), disse ao Midiamax que o envolvimento destes jovens com o mundo das drogas se dá por uma série de fatores sociais, como problemas na estrutura familiar ou até mesmo o desejo pela falsa ilusão de dinheiro fácil.
“Geralmente, a partir de questões familiares, o jovem começa a usar drogas, mas como não trabalha, em alguns não estuda e não tem dinheiro para se sustentar, se submete ao tráfico, se aproximando do traficante para vender a droga em troca de quantia suficiente para seu consumo. Em alguns casos, cometem pequenos delitos, como furtos”, disse.
Segundo o delegado, os pais e responsáveis devem estar atentos a mudanças no comportamento dos garotos. “Passam a apresentar irritabilidade, nervosismo, falta de disciplina, costumam chegar tarde em casa, não têm horário para fazer as refeições, demonstram grande desinteresse de desânimo. Caso os pais notem alguns destes sintomas, devem procurar ajuda especializada ou, se for o caso, a própria polícia”.