O ex-servidor da Câmara de Vereadores de Dourados, Alexsandro de Oliveira de Souza, “braço-forte” de Idenor Machado (PSDB), chegou a buscar em uma única viagem a Campo Grande propina no valor de R$ 21 mil em espécie.
Segundo denúncia sigilosa do Ministério Público Estadual à Justiça, no âmbito da Operação Cifra Negra, ao qual o Dourados News teve acesso, Alexsandro era responsável por receber os valores destinados ao vereador Idenor Machado.
Os pagamentos eram feitos via depósito em conta e também ocorriam pessoalmente, na sede da empresa Quality em Campo Grande. O dinheiro fruto de propina era entregue diretamente das mãos do empresário Denis da Maia ao ex-servidor.
Segundo o MPE, foram descoberto 12 depósitos realizados pela empresa investigada nas contas de Alexsandro, totalizando o montante de R$ 53.600,00.
Todos os repasses eram feitos com valor inferior a R$ 10 mil, o que para os promotores Etéocles Brito, Ricardo Rotunno e Luiz Gustavo Camacho Terçariol, tinha o objetivo de ocultar as ações e a ilicitude do dinheiro ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Para intermediar as transações e como ajuda de custo, Alexsandro recebia, por viagem, pagamentos de R$ 2 mil.
A denúncia revelou também que após a exoneração do assessor de Idenor Machado, o serviço de recebimento e repasse da propina ficou nas mãos de Cirilo Ramão, vereador pelo MDB e pastor evangélico.
Ontem (13) o Dourados News mostrou que o MPE incluiu na denúncia 14 pessoas, entre eles empresários, vereadores e ex-servidores da Casa de Leis.
Eles são acusados de fraude em licitações e formação de organização criminosa, com agravante pela participação de funcionário público.
O esquema de corrupção em contratos licitatórios na Câmara de Dourados que resultou na Operação Cifra Negra, desencadeada em 5 de dezembro do ano passado no município, pode ter resultado no pagamento de quase R$ 800 mil em propinas aos vereadores envolvidos [Idenor Machado (PSDB), Pedro Pepa (DEM), Cirilo Ramão (MDB) e o ex-vereador Dirceu Longhi (PT)].