Com reforma anunciada há 6 meses, terminais seguem abandonados e aguardam licitação

Há seis meses, a Prefeitura de Campo Grande anunciou a reforma de nove terminais de ônibus e a construção de 500 pontos cobertos na Capital.

De nove, a obra de três terminais já foi orçada, mas ainda aguarda a licitação para o início da reforma.

Nesta segunda-feira (17), o prefeito Marquinhos Trad (PSD) confirmou que a burocracia dificulta o andamento do projeto.

Nunca antes reformados, os terminais de ônibus passarão por reforma com um recurso de R$ 7 milhões, segundo a Prefeitura.

Na época do anúncio das obras, o prefeito informou que estava em tramitação na Câmara a alteração na lei para ampliar a possibilidade de aplicar recursos do contato com a Flexpark.

Assim, a administração poderia usar os recursos não só para educação no trânsito, como também para obras nos terminais.

O presidente da Comissão Permanente de Transporte e Trânsito, Junior Longo (PSB), afirma que a lei já foi ampliada para o uso dos recursos em outros fins, como a reforma dos terminais.

“Entre as reclamações, de qualidade de ônibus, atrasos, entre outros, isso é responsabilidade do Consórcio. [Entretanto], os pontos de ônibus e terminais são de responsabilidade da administração”, diz.

O vereador explica que já foi feito o orçamento da reforma de três terminais, que seriam o Júlio de Castilho, Bandeirantes e General Osório, e que só falta a licitação.

“Os outros estão em processo de levantamento de custo porque os Bombeiros fizeram exigências e teve que colocar isso para a secretaria licitar. Três estão para sair licitação, os outros cinco estão em processo de orçamento, custo e execução da obra, para ir para licitação. O [terminal] Morenão está incluído no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Mobilidade”, explica.

Com as reformas travadas mesmo com o orçamento pronto, o prefeito Marquinhos Trad admite que há dificuldade para abrir a licitação. Segundo ele, as obras têm demorado quase um ano para começar.

“Você tem o dinheiro, mas não pode contratar quem você quer, como numa empresa particular.

A gente tem uma série de formalidades burocráticas que até chegar ao início da obra tem demorado quase um ano. Terminando as licitações, iniciam [as obras]. E você não tem como prever. As empresas recorrem e contratam bons advogados”, reclama.

Precariedade nos terminais

Enquanto as obras não saem, os usuários continuam a sofrer com as condições dos terminais de ônibus. Muitas vezes sem banheiros ou bebedouros adequados para uso dos passageiros, os terminais são precários em Campo Grande.

Um uma pesquisa do Ibrape (Instituto Brasileiro de Pesquisas de Opinião Pública) publicada pelo Jornal Midiamax, os usuários reprovaram a limpeza nos terminais de ônibus: 43% considera ruim, 37% regular e 15% bom. Para o vigilante Fernando Bogarim, de 30 anos, as condições dos terminais da Capital deixam muito a desejar.

Para quem fica precisa do transporte público, coisas simples estão em falta no terminal Nova Bahia. “Uma vez eu cheguei aqui morrendo de sede, não saía nada [no bebedouro]. Os banheiros também estão sempre interditados”.

A segurança também é motivo de reclamações, ainda mais de quem trabalha nos terminais. Em janeiro, imagens de câmeras de segurança mostraram o roubo em uma cantina no Terminal Bandeirantes.

“Nos terminais não tem segurança nenhuma, ainda mais à noite. Teve comércio que já foi roubado. Ainda por cima, o vandalismo é muito recorrente, está sempre tudo destruído, os banheiros não param limpos. Nestes casos, a gente nunca sabe para quem recorrer, se é a Prefeitura ou o Consórcio”, disse comerciante, que preferiu não se identificar.