Em tempos que o mundo de forma em polvorosa se submetem as pandemias em todos os continentes através do coronavírus e após declaração da OMS ( Organização Mundial da Saúde) alertando para que todos os países do mundo venham se adequar para situações de pânicos acometidos pela população do planeta, nos leva a reflexão de que ausências de políticas públicas potencializam a propagação de vírus e bactérias, segundo a UNICEF 40% da população mundial está mais exposta as doenças de veiculação hídrica pela omissão governamental de não promover avanços neste setor. Por estarmos na SEMANA DA ÁGUA se torna oportuno de elevarmos nossas contribuições em vertentes que possam conscientizar populações e seus governantes que há necessidades básicas de infraestruturas que precisam estar sobrepostas diante das demais necessidades, pois estas promovem saúde pública coletiva, devendo-se priorizar ações que venham universalizar acessos aos serviços de esgotamento sanitário e água tratada.
Com a Europa se tornando epicentro do coronavirus, isso se agravou, pois é sabido que principalmente através do turismo o fluxo de estrangeiros nestes países são intensos e farão com que este se propague em maior velocidade, mas o que devemos analisar é que no mundo 3 bilhões de pessoas, sequer possuem água tratada, portanto estão mais suscetíveis aos riscos de serem atingidas por estas doenças, tais são os casos dos continentes africano, asiático e americano que possuem maiores dificuldades para combaterem o coronavírus.
Dentro de uma ótica crítica sabemos que no mundo 360 mil crianças morrem de diarreia , que 1,5 milhão de crianças menores de 5 anos sofrem com problemas relacionados ao fornecimento inadequado da água, razões que são alarmantes, mas que infelizmente não identificamos nenhuma reação midiática, tal como está acontecendo com o coronavírus, que proporcionalmente é infinitamente menor seu índice de mortalidade.
Diante de um cenário global do saneamento, passamos nos ater as questões locais, comparando as distorções do Brasil com relação aos serviços de saneamento, nos preocupando os baixos níveis de investimentos no setor, principalmente nas regiões norte e nordeste, conforme demonstra nosso IDH , representando 35 milhões de brasileiros sem acesso a água tratada e 100 milhões sem acesso aos serviços de esgotamento sanitário, sendo que do esgoto coletado 40% não são tratados, portanto o destino final não é correto, contribuindo para agravar ainda mais nossos problemas ambientais.
Estima-se que o Brasil demorará 30 anos para universalizar o saneamento básico, gastando 500 bilhões de reais , portanto é premente que estes avanços venham acontecer, que saibamos enquanto cidadãos definir o que é prioritário, visto que dengue, zica, chikungunya e agora o coronavirus associadas a ausência de saneamento se tornarão ameaças eficientes ao bem-estar da população.
No Mato Grosso do Sul, felizmente nossos índices são melhores, estamos inseridos na região Centro-Oeste, que mais cresceu os acessos aos serviços de saneamento do país nos últimos anos, graças aos programas governamentais ,tendo o nosso estado muito contribuído para estas estatísticas, pois levamos água tratada para ampla maioria da população e esgotamento sanitário para mais de 50% desta, são políticas crescentes, de investimentos no setor, além disso o MS será o primeiro estado do país a implantar a PPP (parceria público/privada), cujo objetivo é antecipar a universalização do acesso ao esgotamento sanitário em 20 anos, visto que o desafio do governo através da SANESUL é alcançar tal meta na próxima década.
Em Dourados os avanços são significativos, universalizamos água tratada, estamos com índices de 62% de rede de cobertura de esgoto e estaremos brevemente elevando estes índices para 85%, pois a ETE Ypê está em fase de teste e com sua operacionalização chegaremos em 85% de cobertura, com correta coleta, tratamento eficaz e destino final dentro dos parâmetros estabelecidos pelos organismos reguladores .
Nosso município há sistemas de poços e captação de água do Rio Dourados, possuímos segurança hídrica, produção e reservação adequada, somente a vazão do rio é de 1.800m cúbicos de água/hora, precisando apenas de melhorar a eficiência do sistema, fatores que são desafiantes e que faz da Sanesul a empresa mais operante da cidade, são inúmeras ações de ordem corretiva e preventiva cotidianamente, operando 24h para garantir o pleno funcionamento do sistema, mesmo diante da sua complexidade, permitindo que a população possa ter acesso de forma constante a este mineral essencial a sobrevivência humana.
Que nossas preocupações globais nos faça agir no local, pois ações localizadas promovem efeitos que contribuem para o equilíbrio ambiental do planeta, que nossas manifestações de angustias pelos vírus que se propagam não nos deixem inertes a fome e a sede no mundo, que sejamos solidários aos efeitos das agressões que o homem produz sistematicamente, que as consequências das omissões históricas em prol de um mundo socialmente justo passe a proporcionar cidadãos mais politizados, que estes despertem para compreensão que a água é elemento essencial a vida e não pode ser vista como bem de capital, enfim que o âmbito social se sobreponha sobre o âmbito pessoal , afinal 3 bilhões de habitantes padecem e sofrem pelo simples fato de não terem acesso a água tratada,portanto os riscos são mais iminentes e vitimas serão sempre os mais pobres, que a água que representa vida, neste momento de reflexão também cumpra objetivo de nos transformar, nos fazendo enxergar que a garantia dos serviços básicos representam equilíbrio ambiental e social , portanto, são sagrados e devem ser respeitados, que saneamento seja visto pela ótica da qualidade de bem estar social, que seja crescente, sempre.
MADSON VALENTE.
GERENTE REGIONAL DA SANESUL/DOURADOS, GEÓGRAFO,PROFESSOR E VEREADOR.