Reflexo da greve dos caminhoneiros, a inflação em junho subiu 1,17% em relação a maio e bateu o recorde dos últimos 21 anos para este mês, segundo apurou o Nepes (Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais) da Uniderp. O indicador fechou em 1,17% e só perdeu para 1996, quando foi 1,57%.
O sexto mês normalmente tem baixas variações nos preços, mas o coordenador da pesquisa, Celso Correia de Souza, o desabastecimento causado pela interrupção no transporte de cargas elevou os valores a um alto patamar, principalmente no grupo alimentação.
Além disso, as projeções para os próximos meses não são nada favoráveis e a inflação acumulada em Campo Grande dificilmente fechará o ano abaixo do centro da meta do CMN (Conselho Monetário Internacional), que é de 4,5%.
Entre os fatores que devem influenciar negativamente os índices está a safra agrícola 7% menor, que pode atrapalhar a regulação dos preços dos produtos alimentícios, e a alta no dólar, que pode interferir nas importações, como trigo, máquinas de alta precisão, eletroeletrônicos e gasolina.
Vilões – A gasolina foi uma das responsáveis pela alta na inflação de junho, já que ela aumentou 7,39% no período. Também pesou no bolso dos consumidores a variação de 4,39% na energia elétrica com a bandeira vermelha nível dois e o gás de cozinha, que subiu 8,77%.
Com relação aos gêneros alimentícios, a batata, item mais afetado pelo desabastecimento, subiu 50,34%. Já o leite pasteurizado teve alta de 9,34%.
Pelo segundo mês consecutivo, o grupo alimentação registrou alta e fechou com índice de 3,22%. O A previsão do Nepes é que os produtos desse seguimento retornem aos patamares antigos com a normalização da distribuição.
Baixas – A inflação só não foi mais alta porque alguns itens pesquisados tiveram variações negativas e seguraram os índices.
Entre eles está o diesel, que também como efeito da greve teve o preço congelado nas refinarias e apresentou deflação de 9,54% nas bombas e o etanol, que ficou 1,64% mais barato no período.
Na análise por grupos, tiveram deflações transportes (-0,56%), despesas pessoais (-0,44%) e vestuário (- 0,54%).
Um fator que pode ajudar a segurar a inflação este ano é a continuidade do nível de desemprego do país, que deve reduzir a demanda influenciado também pelos altos juros na economia e o nível de endividamento.
O IPC/CG mede o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.
Fonte: Ricardo Campos Jr