A ministra de Agricultura, Tereza Cristina (DEM) é uma das políticas mais influentes no governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), segundo apontamento do jornal UOL. Dos 22 ministros, há apenas duas mulheres, sendo Damares Alves a responsável pelo Ministério dos Direitos Humanos.
Segundo apontou o jornal, Bolsonaro disse que cada uma delas equivale a dez homens, porém, Tereza tem um peso maior, devido ao destaque e tratamento que recebe. Nos primeiros oito meses de governo, Tereza Cristina tem sido presença frequente ao lado do presidente e ainda conforme o UOL, seu nome aparece pelo menos o dobro de vezes do que o de Damares na agenda do presidente.
Tereza integrou a comitiva das principais viagens nacionais e internacionais feitas pelo presidente no primeiro semestre e atenuou crises criadas pelo Planalto e Itamaraty, de acordo com o UOL.
Em evento em Anápolis no início deste mês, Bolsonaro repetiu sorridente que Tereza Cristina “vale por 10” e, ao comentar críticas feitas à divulgação de taxas de desmatamento na Amazônia pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), deixou que ela explicasse a metodologia utilizada.
Bolsonaro, ao explicar a relevância dos ministros em março, disse que ouve “até a Damares, que pode achar que é uma ministra com importância não muito grande”.
Além disso, Bolsonaro não costuma defender temas com os quais o Ministério dos Direitos Humanos lida, nem promove eventos da pasta no Planalto, ao contrário do que acontece com o da Agricultura.
Perfil
O jornal traçou o perfil das duas ministras. Tereza Cristina, 65, foi eleita deputada federal por Mato Grosso do Sul, um dos maiores estados agropecuários do país, e presidente da Frente Parlamentar de Agropecuária, formada por 257 deputados e senadores antes de assumir uma pasta no governo.
Além do apoio político por trás, Tereza tem a confiança do setor agropecuário por ser engenheira agrônoma e ter carreira na agroindústria. Seu nome ao ministério foi uma indicação da Frente Parlamentar – mas tratada por Bolsonaro como uma “escolha técnica”.
Diante da reação de países árabes e asiáticos após anúncio de que o país transferiria a embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, Tereza Cristina defendeu uma solução “intermediária” – um escritório comercial em Jerusalém.
Historicamente consumidores importantes de produtos agrícolas brasileiros, os países árabes foram recebidos por Tereza Cristina, que se esforçava para manter os negócios agrícolas nacionais, segundo o UOL.
Entre assessores e integrantes do governo, Tereza tem a reputação de saber ouvir, negociar e falar com propriedade sobre os assuntos abordados.
Na última semana, ao perceber que a liberação de nova leva de agrotóxicos no país estava gerando repercussão negativa, convidou jornalistas para tomar um café. No encontro, mostrou dados sobre o registro dos produtos e tirou dúvidas.
Direitos Humanos
Damares Alves, 54, é formada em Direito e Pedagogia e atuou na área de Direitos Humanos nas últimas décadas. Ela foi indicada para o cargo quando trabalhava como assessora parlamentar do então senador Magno Malta (PR-ES), de quem Bolsonaro era próximo. O fato de ela ser evangélica foi preponderante na escolha, segundo o jornal.
Com apenas um mês de governo, Damares se envolveu em diversas polêmicas por dar declarações consideradas machistas e antiquadas por parte da sociedade. Muitas são falas em vídeos resgatados da época antes do ministério.
Em fevereiro, recomendou que pais de meninas no Brasil “fugissem” do país devido aos dados alarmantes de violências cometidas contra mulheres. Ela voltou a frequentar as redes sociais em maio, ao ter vídeo antigo viralizado em que declarava que a princesa Elsa, personagem principal do filme Frozen, da Disney, terminou a trama sozinha porque seria lésbica.