A decisão do julgamento da companhia aérea Air France e da fabricante de aviões Airbus, acusadas de homicídio culposo após a queda do voo Air France AF447, que ia do Rio de Janeiro a Paris, deve ser divulgada nesta segunda-feira (17). O avião caiu no dia 1º de junho de 2009, matando todos os 228 passageiros a bordo.
No meio do caminho entre o Rio de Janeiro e Paris, a aeronave do modelo Airbus A330 caiu, em queda livre por quatro minutos, durante uma tempestade no meio do oceano Atlântico. Os motores do avião estavam funcionando, mas as asas eram incapazes de captar ar o suficiente para seguir no ar.
A investigação conduzida pela França determinou que a tripulação do voo não lidou corretamente com a perda de leitura de velocidade depois que sensores do avião foram bloqueados pelo gelo da tempestade.
Sem conseguir ler os dados, eles mantiveram o nariz da aeronave muito alto, o que causou um estol aerodinâmico – quando a inclinação impede que o ar circule sobre a parte superior da asa e faz com que o avião perca sua sustentação – e levou à queda livre.
Mudança no treinamento de pilotos
A queda do AF447 é vista como um dos poucos acidentes que mudaram a aviação, incluindo melhorias em todo o setor no manuseio da perda de controle.
No centro da discussão está o mistério do porquê uma tripulação que acumulava mais de 20 mil horas de experiência de voo entre eles não conseguiu entender que o jato havia perdido a sustentação e que isso exigia a manobra básica de empurrar o nariz para baixo em vez de puxá-lo para cima, como fizeram durante grande parte do mergulho fatal de quatro minutos em direção ao Atlântico.
A BEA da França disse que a tripulação respondeu incorretamente ao problema de formação de gelo, e não havia tido o treinamento necessário para voar manualmente em alta altitude depois que o piloto automático da aeronave parou de funcionar.
A agência francesa também destacou sinais inconsistentes de uma tela chamada diretor de voo, que desde então foi redesenhada para se desligar em tais eventos para evitar confusão.
O julgamento das empresas
O julgamento da Air France e da Airbus teve início em outubro do ano passado, e a audiência de abertura no dia 10 de outubro de 2022 marcou a primeira vez que empresas francesas foram diretamente julgadas por homicídio culposo após um acidente aéreo, em vez de indivíduos.
O julgamento envolvendo as companhias reverteu uma decisão de 2019, de não apresentar acusações contra nenhuma das empresas em reação à tragédia.
Especialistas dizem que os papéis relativos do erro do piloto ou do sensor serão fundamentais para o julgamento, expondo uma batalha que dividiu a elite aeronáutica da França.
A Airbus culpa o erro do piloto pelo acidente, enquanto a companhia aérea afirma que alarmes e sinais conflitantes confundiram os pilotos.
*Com informações da Reuters e da Agência Brasil