Esquema de fraude bilionária que cooptou professora de Dourados era liderado por chineses

A operação Operação ‘Edebox’ deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal e que cumpriu mandados de buscas e apreensões em Dourados, desmantelou organização que aplicava golpes de estelionato através de um site falso de investimentos em Bitcoin. A investigação aponta que o esquema era liderado por cidadãos chineses residentes na região central de São Paulo, que recrutavam brasileiros para operacionalizar a fraude.

O grupo criminoso utilizava grupos de WhatsApp para atrair vítimas com falsas promessas de investimentos, divulgadas por um suposto “doutor em economia da USP”, cuja comunicação era alimentada por inteligência artificial. As vítimas eram então direcionadas para a plataforma ‘Edebox’, onde depositavam dinheiro e visualizavam lucros fictícios.

Os líderes chineses coordenavam o desvio dos valores para empresas de fachada e a lavagem do dinheiro através da compra de moedas digitais, créditos de carbono e exportação de produtos alimentícios para a Venezuela.

Para dar um golpe final, os criminosos inventavam uma falsa operação da Polícia Federal e exigiam o pagamento de impostos para liberar os valores, o que nunca acontecia.

A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão e prisões temporárias, além de bloquear contas judiciais, com o objetivo de recuperar os valores desviados e responsabilizar criminalmente todos os envolvidos no esquema.

Uma das empresas utilizadas na fraude movimentou mais de R$ 1 bilhão em um ano, demonstrando a dimensão do golpe.

Foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária nas cidades de São Paulo/SP, Guarujá/SP, Boa Vista/RR, Curitiba/PR, Dourados/MS e Entrerios/BA, além de medidas de sequestro de valores.

Intermediários dos chineses

A organização criminosa que movimentou mais de R$ 1 bilhão também atuava em Dourados, onde a polícia cumpriu dois mandados de busca e apreensão. Uma professora que não teve a identidade revelada é investigada, mas não foi presa.

Segundo informações apuradas pela Polícia Civil, que contou com apoio do SIG (Setor de Investigações Gerais), a mulher atuava na captação de clientes interessados em investimentos em moeda digital.

No dois locam onde foram cumpridos os mandados, os agentes do SIG apreenderam um notebook, dois telefones celulares e diversos cartões.

De acordo com o delegado Thiago Boeing, responsável pelas investigações que tiveram início em Taguatinga (DF), os investigados de Dourados trabalhavam como intermediários entre os líderes chineses e as vítimas brasileiras.

O esquema começou a ser investigado após a denúncia de um médico do Distrito Federal, que perdeu R$ 200 mil em uma plataforma chamada EBDOX, apresentada como corretora de criptomoedas. O site simulava altos rendimentos, mas em determinado momento deixou de liberar os saques.

Carcaça de site

“As pessoas aqui de Dourados eram intermediárias entre os chineses e as pessoas do grupo, porque elas recebiam as mensagens em mandarim, que eram geradas pelos chineses, e repassavam aos brasileiros após uma tradução e uma análise feita dentro dos grupos, se passando por esse professor que dava dicas de investimento”, explicou o delegado.

“Era só uma carcaça de site, não havia nenhum investimento real. As pessoas viam o valor crescer na tela, mas o dinheiro nunca era aplicado. Em seguida, foi inventada a história de que a Polícia Federal teria feito uma operação contra o grupo, e para liberar os saques era necessário depositar 10% de imposto. Muitas vítimas fizeram esse novo depósito e aumentaram ainda mais o prejuízo”, relatou Boeing.

Ainda segundo o delegado Boeing, os brasileiros eram remunerados através de moedas digitais e recebiam esses valores para enganar as vítimas e direcionarem elas para a plataforma falsa. Depois que o dinheiro estava na mão do grupo, esse dinheiro era lavado de três maneiras.

Uma parte era aplicada em compras de moedas digitais e em crédito de carbono. O outro montante do dinheiro era lavado por exportação de produtos alimentícios por meio  da cidade de Roraima, em Boa Vista, que  iriam para a Venezuela, segundo as notas fiscais emitidas.

Fonte: Midiamax