Acidente na BR 262 deixou duas pessoas mortas e outras feridas, e a Polícia Civil concluiu que o motorista do ônibus assumiu o elevado risco ao invadir a pista contrária. A investigação da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Corumbá apontou que, na madrugada de 15 de junho, o veículo saiu de Campo Grande com destino a Corumbá e, no km 663, próximo ao Buraco das Piranhas, colidiu lateralmente com outro veículo, resultando em múltiplas vítimas.
Conclusão da investigação e enquadramento criminal
Segundo o relatório final, o condutor — de 54 anos — dirigia em condições incompatíveis com a segurança viária e invadiu a pista contrária, provocando a colisão. Com base na análise técnica, a polícia concluiu pelo enquadramento dos fatos como homicídio doloso na modalidade de dolo eventual em relação às vítimas fatais, e lesões corporais dolosas, também na modalidade dolo eventual, quanto aos sobreviventes. Em termos práticos, o entendimento é de que o motorista assumiu o risco de causar o resultado, embora não desejasse diretamente a morte.
O caso: o que se sabe sobre a dinâmica do acidente
Na noite em que ocorreu o acidente, o ônibus deixou Campo Grande por volta da meia-noite. No trecho aproximado do km 663, a colisão lateral matou dois passageiros e deixou três feridos: o próprio motorista do ônibus, uma passageira e uma criança. Entre as vítimas fatais estavam a médica recém-formada Andrezza das Neves Felski, que retornava de férias e atuava em posto de saúde de Corumbá, e o idoso Marcelino Florentino Filho, que viajava para conhecer a neta recém-nascida. Marcelino foi atingido no tórax enquanto estava sentado ao lado da janela.
Resgate e socorro
Equipes de resgate utilizaram a aeronave Harpia 03, da Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo (CGPA), para deslocar uma das vítimas ao hospital. A menina de 6 anos, que estava entre os passageiros, sofreu ferimentos graves: havia um objeto perfurante transpassando a região próxima ao abdômen, o que exigiu transporte aéreo por precaução. Posteriormente, o pai informou que a criança precisaria passar por cirurgia e que, para preservar a vida, seria necessária a amputação de uma das pernas.
Vítimas e repercussão local
O acidente causou comoção na região. A identificação das vítimas e a divulgação das circunstâncias do sinistro mobilizaram autoridades locais e familiares. A perda de Andrezza, jovem médica que atuava na saúde pública de Corumbá, foi destacada pela comunidade; o idoso Marcelino viajava em família e pretendia conhecer a neta recém-nascida.
Aspectos legais: dolo eventual e desdobramentos
O enquadramento por homicídio doloso na modalidade dolo eventual significa que o investigado pode ser responsabilizado por aceitar, mesmo que indiretamente, o risco de produzir o resultado morte. A Polícia Civil registrou o relatório e encaminhou as informações ao Ministério Público, que avaliará a propositura de eventual ação penal. O motorista responderá por homicídios e por lesões corporais dolosas decorrentes do mesmo episódio.
Próximas etapas
Com o encerramento das investigações, o inquérito será remetido ao Ministério Público para análise. Dependendo do entendimento do procurador, poderão ser oferecidas denúncias ou pedidas medidas cautelares. A tramitação seguirá nos termos da legislação penal e processual penal, com possibilidade de produção de provas complementares em juízo.
Prevenção e segurança nas rodovias
Casos como este reforçam a necessidade de fiscalização e de medidas preventivas em rodovias federais. Especialistas em trânsito costumam apontar fatores como velocidade incompatível, fadiga do condutor e condições da via como elementos recorrentes em sinistros graves. Autoridades rodoviárias e empresas de transporte têm responsabilidade sobre a capacitação e as condições de trabalho dos motoristas, assim como sobre a manutenção adequada dos veículos.
A investigação em Corumbá durou cerca de seis meses e culminou no reconhecimento de que o motorista do ônibus assumiu elevado risco ao dirigir nas condições apuradas. Familiares das vítimas seguem acompanhando o desdobramento do caso e aguardam as definições judiciais que virão nos próximos meses.
