Os delegados da Polícia Federal de Brasília ouviram sete pessoas nesta quarta-feira (4) na sede de Campo Grande.
Entre as testemunhas e interrogados estão o delator da Operação Lama Asfáltica Ivanildo Cunha Miranda, o ex-prefeito de Porto Murtinho Nelson Cintra, o deputado estadual Zé Teixeira (DEM) e o pecuarista Elvio Rodrigues, apontado como um dos emissários de notas fiscais falsas, utilizadas pela JBS para pagamento de propina.
A maioria das testemunhas entrou no prédio pela garagem e só desembarcou no estacionamento, longe das câmeras. Cintra, que entrou à pé pela porta da frente, reiterou que toda venda de gado que fez foi declarada à Receita Federal.
Advogado do deputado Teixeira, Carlos Marques afirmou que o parlamentar respondeu a todas as perguntas feitas pelos delegados e que o depoimento durou cerca de uma hora.
Zé é apontado como emissor de notas fiscais “frias” para dissimulação do esquema de pagamento de propina outras empresas do ramo agropecuário e frigorifico.
Segundo as investigações, do total de créditos tributários auferidos pela empresa dos colaboradores, um percentual de até 30% era revertido em proveito da organização criminosa investigada.
Ivanildo também foi visto no prédio. Defendido por Newley Amarilha, o delator era alvo da Operação Lama Asfáltica e também da delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista. Em meados de 2017, ele procurou a Polícia Federal com intuito de celebrar um acordo de delação premiada.
O pecuarista era apontado como suposto operador das propinas envolvendo o ex-governador André Puccinelli (MDB) no esquema da JBS.
À polícia, quando firmou o acordo, o próprio Ivanildo contou que recebia, como operador do esquema de propina em troca de benefícios fiscais, entre os anos de 2007 a 2010 valores mensais entre R$ 60 mil a R$ 80 mil, e após 2011 até 2013, esse valor, em alguns meses, chegava a R$ 220 mil.
Élvio Rodrigues esteve com o advogado Gustavo Passareli, que também acompanhou o irmão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Roberto Oliveira Silva, conhecido como Beto Azambuja, em depoimento nesta terça. Élvio teria usado dinheiro de propina para comprar a Fazenda Santa Mônica, no Pantanal sul-mato-grossense.
Localizada no município de Corumbá, região do Alto Paraguai, a fazenda passou por desmatamento no ano passado de mais de 20 mil hectares de vegetação nativa autorizados pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), com aval da PGE (Procuradoria-Geral do Estado).
Oitivas
A ação é decorrente do IPL (Inquérito Polícial) 1.190, após cumprimento dos mandados de busca, apreensão e quebra de sigilos telefônicos e fiscais realizados em 2018.
Além de MS, foram ouvidas testemunhas e investigados em São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Ceará nesta terça e mais pessoas devem ser ouvidas nesta tarde. A investigação teve origem no acordo de colaboração dos executivos da JBS, conglomerado com atuação no ramo de alimentos, e apura suposto esquema de corrupção na concessão de benefícios fiscais pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul através da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda).