Campeão de obras no governo Bolsonaro é acusado de superfaturamento

Criada no início de 2014, mesmo ano em que a Operação Lava Jato começou a cercar as maiores construtoras do país por envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras, a empreiteira mineira LCM Construção e Comércio é hoje a líder em faturamento com obras na administração de Jair Bolsonaro.

A empresa já recebeu mais de R$ 2,2 bilhões desde o início do atual do governo.

Um levantamento feito pela coluna mostra que o valor é o dobro do que foi pago, por exemplo, à notória Odebrecht, segunda colocada no ranking. Apanhada pela Lava Jato, a empreiteira baiana mantém um contrato bilionário com o governo, mais precisamente com o Comando da Marinha, para a construção de um estaleiro no Rio de Janeiro. O contrato foi assinado em 2009, durante a presidência de Lula — ao longo do governo Bolsonaro a Odebrecht faturou R$ 1,1 bilhão pelo serviço.

No caso da LCM Construção, os contratos são mais modestos, mas se reproduzem em grande volume. A construtora mineira é uma espécie de papa-obras do Departamento Nacional de Infraestruturas de Transportes (DNIT), vinculado ao Ministério da Infraestrutura. Apenas no atual governo, ela assinou 146 contratos com as superintendências do DNIT de 20 estados e do Distrito Federal. A soma chega a R$ 4,8 bilhões.

Do total de contratos, 14 foram assinados sem licitação – esses alcançam a cifra de R$ 174,1 milhões.

Os serviços, quase sempre, envolvem conservação e recuperação de rodovias federais. O contrato mais recente, assinado no mês passado ao preço de R$ 32,6 milhões, prevê a recuperação de 49 quilômetros da BR-471, no Rio Grande do Sul. Já o contrato de valor mais alto firmado no atual governo, no valor de R$ 224,1 milhões, tem como objeto a duplicação de um trecho da BR-423, em Pernambuco.

A LCM emergiu no setor público justamente quando as grandes estrelas da empreita nacional começaram a ser apanhadas em casos de corrupção, como a Delta Engenharia, do empresário Fernando Cavendish, que confessou ter dado propina ao ex-governador do Rio Sergio Cabral.

Fonte: Metrópoles