Os novos decretos Estadual e Municipal publicados nesta semana, recomendando o encerramento de atividades não essenciais a partir das 20h e não mais 22h, divide opiniões entre douradenses. A nova norma foi definida como medida de contenção à curva ascendente de contágio pelo coronavírus. Nos últimos dias a taxa de ocupação de leitos atingiu 100% em Dourados e também em outros municípios.
O Dourados News ouviu comerciantes e populares. As opiniões se dividem em favoráveis a medida e preocupadas com o futuro e faturamento dos estabelecimentos, que enfrentam dificuldades financeiras desde o início da pandemia, em março do ano passado.
“Tá muito difícil essa situação da pandemia. Agora fechar o comércio pra mim também é muito ruim, porque as pessoas têm que trabalhar, as lojas têm que vender, precisam do dinheiro e aí como que fica fechando? Na minha mente é complicado. Disse a dona de casa Josefa da Silva Bezerra, 73.
Para a também dona de casa Maria Moreira, 45, o toque de recolher mais restrito é necessário. “Na minha opinião tá certo, pois no bairro onde eu moro, que é o Cachoeirinha, vemos muita gente aglomerando. Então acho muito importante. Já tive Covid, meus filhos também. Acho que as pessoas não estão ajudando e nem respeitando, principalmente os jovens. Tem que ter alguma coisa para restringir e acho que essa medida é muito boa. Tem que fazer alguma coisa sim”.
O vigilante Siander Galindo, 32, também destacou a falta de consciência. “O que precisa é ter os cuidados de distanciamento social. As pessoas precisam ter consciência de não lotar os lugares. Se tá aumentando os casos acredito que o governo tem que tomar atitude. Mas, na verdade, quem precisa trabalhar como que vai sobreviver? Esses que acabam mais prejudicados pela falta de consciência”.
Para o aposentado Natal Soares, 67, a falta de fiscalização efetiva acaba levando a necessidade de uma medida mais restritiva. “Acho importante desde que seja respeitado né. A gente nota que não existe tanta fiscalização. Precisa de mais fiscalização. As pessoas em sua maioria não ajudam. Onde eu moro, no Ipê Roxo, a rua ali não tem horário. É aglomeração toda hora. Acho que o governo tem que agir mais mesmo”.
COMERCIANTES PREOCUPADOS
Já para os comerciantes, o cenário que já não é dos melhores fica ainda pior com a restrição maior no toque de recolher. Para eles, a cadeia de consumo é diretamente afetada, apesar de dizerem compreender a gravidade dos índices da pandemia.
“Acho que não haveria necessidade e o que temos que proibir é a aglomeração, fazer com que as pessoas não façam isso porque está aí o grande problema. Outra coisa importante é o uso da máscara, isso é essencial. A pessoa que não usa tinha que ser punida. Tomamos todos esses cuidados aqui na loja. Então não é que sou contra nem a favor. Pode ser um dos caminhos, mas não é o principal. Prejudica em todas as atividades, mas principalmente a nossa que dependemos muito que as pessoas saiam de casa. Ninguém vai comprar moda para ficar em casa ou ir ao supermercado. O movimento deverá ter uma queda de 50%”, avaliou Valter Olivero Alegrete, proprietário de uma loja de roupas e calçados.
Dono de uma loja de cosméticos, Pablo Hall acredita que a conscientização da população deveria ser um foco de ação. Para ele um toque de recolher mais restrito pode até levar as pessoas a aglomerarem ainda mais em determinados horários.
“Acredito que todo mundo vai querer sair até às 20h porque o grande problema é que as pessoas não estão ligando muito para a pandemia. Um Decreto assim vai acabar acumulando gente principalmente em bares e restaurantes. Todo mundo querendo sair mais cedo por causa do horário. O que tem que fazer mesmo é conscientização. Acredito que o governo tem que intervir dessa forma”.
Ele também está preocupado com o cenário econômico. “Nos afeta porque se a pessoa deixa de sair ela não vem aqui comprar maquiagem, que é nosso ramo e isso acaba afetando nosso comércio. Aí o que já estava muito ruim, a tendência é piorar. Quem conseguiu sobreviver desse primeiro fechamento da pandemia, em um segundo vai ser difícil”.