Meninos saíram pelo portão que estava encostado, e atravessaram avenida movimentada de Campo Grande (MS). Ninguém no Ceinf havia dado falta das crianças.
Duas crianças de dois anos de idade saíram sozinhas de um Centro de Educação Infantil (Ceinf), em Campo Grande, e atravessaram uma movimentada avenida, correndo risco de serem atropeladas. O caso ocorreu no bairro Tijuca, região sul da cidade, na semana passada.
Segundo testemunhas, as crianças fugiram do Ceinf do bairro Tijuca por um portão lateral, que estava encostado. A cabeleireira Cristina Yanes disse que estava acompanhando uma cliente até a porta do salão, quando viram os meninos e observaram que atravessavam a rua sozinhos. Ao perceber que eles estavam realmente desacompanhados, foram resgatá-los:
“A cliente foi buscar os meninos, que ficaram com medo. Ela pegou um no colo e conversou com o outro, e aí levou os dois de volta à creche. Até voltarmos com eles, ninguém tinha dado falta das crianças”, relata.
Clarice Ramos, que também estava atendendo no momento, afirmou que ficou apreensiva porque a avenida é muito movimentada: “Na semana passada mesmo um senhorzinho foi atropelado de bicicleta aqui, imagina 2 crianças dessa idade. Eles nem tiveram noção de olhar para os lados, são muito pequenos, eles estavam correndo um atrás do outro, brincando”, conta.
A busca agora é por provas que comprovem qual foi o movimento dos meninos. Até a publicação desta reportagem, a mãe de um dos meninos, Regiane, não havia conseguido imagens das câmeras de segurança ao redor do Ceif procurava entre os vizinhos do Centro, alguém que pudesse disponibilizar imagens de câmeras de segurança. Segundo testemunhas, os meninos saíram do Ceinf e atravessaram sozinhos a avenida mais movimentada do bairro:
“Isso é inadmissível. O que a diretora me diria se meu filho estivesse morto agora? Se passasse um ônibus ali na hora, não dava nem tempo de frear. Meu filho foi salvo por Deus mesmo”, desabafa.
Segundo a mãe, o fato teria acontecido em torno de 8h e ela só foi avisada depois de 16h30. Para ela, a diretora tentou minimizar a situação: “Ela falou que meu filho tinha cometido uma travessura junto com outro coleguinha, e que teriam saído e ficado apenas na calçada”.
O Ceinf, que fica no bairro Tijuca em Campo Grande, de onde as crianças de 2 anos e meio escaparam — Foto: TV Morena/Reprodução
Segundo a mãe, o fato teria acontecido em torno de 8h e ela só foi avisada depois de 16h30. Para ela, a diretora tentou minimizar a situação: “Ela falou que meu filho tinha cometido uma travessura junto com outro coleguinha, e que teriam saído e ficado apenas na calçada”.
Pelo portão, uma funcionária disse que ninguém no Ceinf poderia falar sobre o caso. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que “abriu uma sindicância para tomar as medidas cabíveis”.
A fuga das crianças
A avenida que as crianças atravessaram ao fugir do Ceinf tem intenso movimento de ônibus e veículos de passeio — Foto: TV Morena/Reprodução
Após saírem do Ceinf e atravessarem a avenida crianças foram resgatadas já perto da esquina seguinte. Andaram cerca de uma quadra, sozinhas. A comerciante Maria Luzinete foi quem correu até o Ceinf para avisar às cuidadoras sobre a fuga. Ela entrou pelo mesmo portão em que saíram os meninos:
“O portão estava encostado só, mas qualquer um abre. Facinho de abrir, levinho, eu empurrei e já abriu. Eu corri lá na primeira sala, chamei as recreadoras, e falei ‘Ó, tem duas criancinhas indo embora, acho que é daqui’ e aí que deram falta dos dois”, relata.
Após a fuga das crianças, o portão do Ceinf em Campo Grande tem corrente e cadeado. — Foto: TV Morena/Reprodução
Depois da fuga, o portão da escola, que dá acesso a um estacionamento, tem corrente e cadeado. Regiane, a mãe do menino, disse que procurou a Semed, a polícia e agora vai procurar o Ministério Público, para que esse tipo de situação não aconteça novamente.
“Tinha de ter alguma grade ali separando o estacionamento da parte da creche porque se uma criança sai ali e se esconde atrás de um carro, vai sair com o carro, atropela a criança. Eles precisam de mais atenção também, porque eu espero que meu filho não saia mais da creche, ainda mais agora que ele já sabe por onde sair”, relata.
A família busca por provas sobre o movimento dos meninos ao sair do Ceinf. Até a publicação desta reportagem, Regiane não havia conseguido imagens de câmeras de segurança próximas ao local.