Em 2023, de janeiro a abril, mais de 5.178 servidores da rede pública de ensino do Distrito Federal precisaram de atestados médicos. Desses, 26,31% ausentaram-se do trabalho para cuidar de transtornos mentais, e 84,4% eram professores.
Os outros 15,48% faziam parte da carreira de assistência à educação, ocupação integrada por monitores de Gestão Educacional, secretários escolares e gestores de habilitações como psicologia, nutrição, biblioteconomia e administração.
Os dados constam em um boletim epidemiológico produzido pela Secretaria de Saúde (SES-DF) sobre o estado de saúde dos servidores do DF.
No intervalo analisado, foram emitidas 7.514 licenças, sendo a maioria em março e por um período de 4 a 10 dias de afastamento do trabalho.
Ainda de acordo com o estudo, a regional de ensino que mais teve afastamentos foi a do Plano Piloto/Cruzeiro, com 14,84% do total. Em seguida aparecem Taguatinga, com 12,90%, e Ceilândia, com 11,76%. A regional de Brazlândia foi a que recebeu menos atestados no ano de 2023, com apenas 2,93%.
Desvalorização dos professores
Samuel Fernandes, diretor do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), considera que a categoria é desvalorizada e isso desencadeia outros problemas. “Os professores que estão dentro das salas de aula sofrem com falta de estrutura, salas superlotadas, sem ventilação adequada, sem monitores, laboratórios, bibliotecas, quadras de esporte, e tendo de permanecer cinco horas diárias com 30, 40, 45 alunos dentro de sala. Como não adoecer nessas condições?”, questiona.
Para o sindicalista, a violência que os servidores sofrem durante o exercício da função também contribui para o adoecimento da categoria. “Fora a questão da violência, ameaças que muitos educadores sofrem, levando ao desgaste físico e emocional.”
“O docente quer trabalhar, mas precisa estar bem. Essa situação só vai melhorar a partir do momento que o governo desenvolver políticas públicas que cheguem a todas as escolas e que contemplem a saúde do trabalhador”, completa.
Neste ano, a mãe de uma aluna do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 113 do Recanto das Emas agrediu uma funcionária da escola. Câmeras de segurança flagraram a confusão. As imagens mostram quando a mulher entra na sala e dá um tapa em um recipiente de álcool. Em seguida, ela pega um violão com as duas mãos e quebra o instrumento ao bater com ele diversas vezes contra o chão.
Em 2019, um professor de matemática do Centro de Ensino Fundamental 25 (CEF 25) de Ceilândia foi agredido com socos e pontapés por um aluno da unidade educacional. O adolescente teria se revoltado após não gostar de uma resposta dada pelo docente durante a aula.
Fonte: Metrópoles