Helicópteros apreendidos na operação Laços de Família podem trocar de lado: passar do crime para o combate ao tráfico de drogas nas regiões de fronteiras de Mato Grosso do Sul.
O pedido foi feito pela PF (Polícia Federal), que realizou a ação em junho, à 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande.
A solicitação é que dois helicópteros (modelos AS350 B3 Esquilo e Robinson 66) sejam repassados à Casa Militar, que é da PM (Polícia Militar). Existe termo de cooperação entre as polícias federal e militar para atividade de apoio recíproco.
Conforme consulta ao sistema da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o modelo Robinson 66, prefixo PP-STV, é de uma empresa, tem capacidade para quatro pessoas e foi fabricado em 2012. Ele está bloqueado.
O juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira determinou que o MPF (Ministério Público Federal) se manifeste sobre o pedido.
Ao todo, a operação sequestrou oito helicópteros, sendo o mais “famoso” o usado para levar Gegê do Mangue e Paca, lideranças da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), para execução em Fortaleza (Ceará).
O modelo Airbus EC-130 está com a secretaria de segurança daquele Estado.
Rotas do PCC – Das aeronaves, quatro são de propriedade do piloto Felipe Ramos Morais, apontado como coordenador das rotas de tráfico do PCC.
Felipe é dono do helicóptero usado no assassinato de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.
Uma das frentes interestaduais da operação Laços de Família apreendeu no Guarujá, litoral de São Paulo, lancha avaliada em R$ 1 milhão, também com suspeita de ligação com o piloto.
Ostentação – A Laços de Família investigou uma família de Mundo Novo, que agia como “máfia” e tinha relações comerciais com o PCC. O grupo era liderado pelo policial militar Silvio César Molina Azevedo.
Durante a investigação, a Polícia Federal apreendeu R$ 317.498,16 em dinheiro, joias avaliadas em R$ 81.334,25, duas pistolas, 27 toneladas de maconha, duas caminhonetes e 11 veículos de transporte de carga.
Os mandados de busca e apreensão ajudam a dimensionar o tamanho do patrimônio do grupo: 136 ordens de sequestros de veículos, sete mandados para apreender aeronaves (helicópteros), cinco mandados de sequestro de embarcações de luxo e 25 mandados de sequestro de imóveis (apartamentos, casas, sítios, imóveis comerciais).
As ordens judiciais foram cumpridas em MS, Paraná, São Paulo, Goiás e Rio Grande do Norte.
O esquema usava pessoas físicas e jurídicas para pulverizar e “legalizar” o dinheiro obtido com o lucro da venda de maconha pelo país.
Dez empresas, de loja de bijuterias a revendedora de veículos, identificadas como parte do esquema milionário de lavagem de capitais foram fechadas na ocasião.
No processo, a Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda) informa a suspensão das empresas Molina MS Transporte de Carga Ltda e Chick Biju Ltda.