Polícia investiga Marquinhos Trad por suposto assédio sexual

A Polícia Civil do Mato Grosso do Sul instaurou um inquérito policial para investigar denúncias de episódios de assédio sexual que teriam sido cometidos por Marquinhos Trad, ex-prefeito de Campo Grande e atual candidato do PSD ao governo estadual.

O procedimento foi aberto após apuração preliminar baseada no depoimento de quatro mulheres que procuraram a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) — três delas dizem ter se sentido assediadas. Trad nega as acusações e alega ser vítima de complô por liderar as pesquisas de intenção de voto.

Três dos relatos são parecidos. As denunciantes dizem que passavam por dificuldade financeira e foram atraídas para o gabinete da prefeitura com a promessa de emprego em órgão municipal. Elas narram que, uma vez no local, eram cortejadas pelo então prefeito, que fazia truques de mágica com baralho e, depois, manifestava o desejo por sexo. Das três mulheres que se dizem vítimas de Trad, duas afirmam ter mantido, por algum tempo, relações sexuais consentidas dentro do gabinete do prefeito.

A depoente W. afirmou em depoimento que foi levada por Trad ao banheiro do gabinete, mas que recusou a investida:

“QUE a declarante narra que MARCOS começou a tentar beijá-la passando a mão em seu corpo, mais precisamente em seus seios e, em seguida a empurrou para uma pia e abaixou as próprias calças; QUE a declarante alega que todo este ato foi muito rápido e a mesma estava apavorada, além disso, a declarante pode sentir que o mesmo estava com ereção e que tentou levar a sua mão ao seu órgão genital; QUE, diante da negativa da declarante em manter qualquer relação sexual com a pessoa de MARCOS, o mesmo vestiu as calças”, diz trecho da investigação preliminar feita pela Polícia Civil e à qual a coluna teve acesso.

Já a depoente X., que diz ter mantido relações consensuais com Trad por certo tempo, afirma que foi vítima de assédio meses após o término do caso extraconjugal com o então prefeito, quando ela já estava casada com outro homem. Segundo o relato, Trad, já ex-prefeito, teria tentado beijá-la à força, em 17 de junho deste ano, no atual comitê de campanha usado pelo candidato ao governo.

O relato de Y. se assemelha ao de X., com exceção de que, segundo Y., o então prefeito teria se recusado a usar camisinha durante o ato sexual, contrariando o que ela afirma ter pedido.

A declarante diz que, em quatro ocasiões, foi até a prefeitura devido a promessas de emprego feitas por Trad que nunca se concretizaram. E que, nessas visitas, houve relações sexuais consentidas dentro do gabinete.

Já Z., a quarta depoente, afirma nunca ter estado com Trad pessoalmente, e seu relato busca confirmar as versões “X” e “Y” pelo que ouviu de ambas.

Procurado, Trad negou as acusações e afirmou que nunca assediou sexualmente nenhuma mulher.

“Quanto mais eu consolido minha liderança nas pesquisas de intenção de voto ao governo estadual, mais ataques surgem. Tenho gravação de pessoas que foram procuradas para receber valores para contar histórias a meu respeito. Esses depoimentos [dados à Polícia Civil] têm o objetivo de abalar minha candidatura. Estou disputando contra o candidato do atual governo. Esses dias eu gravei vídeo de matança de índios no qual cobrei apuração porque a Polícia Militar invadiu a aldeia sem o mandado do juiz. E eu recebi do secretário de Segurança [uma mensagem que diz] o seguinte: ‘Ou você fica do lado da gente ou as coisas vão piorar’. Ele prenunciou que viria isso aí”, disse.

A coluna pediu a Trad acesso à suposta gravação e à referida mensagem, mas, até o final da edição desta reportagem, o material não foi enviado pelo ex-prefeito de Campo Grande.

Atualização: nesta quarta-feira (20/7), Marquinhos Trad enviou à coluna vídeo no qual uma mulher afirma ter sido abordada por pessoas da atual gestão estadual em busca de “vídeos ou conversas” que pudessem comprometê-lo. Em relato informal, ela afirma que, em uma das ocasiões, chegou a receber a proposta de R$ 150 mil. Trad pediu que o vídeo não seja divulgado para preservar a identidade da suposta informante.

Fonte: Metrópoles