“Hoje, dia 15 de janeiro de 2021, estou indo tomar a primeira dose da vacina do Covid-19, aqui em Oxford na Inglaterra. Nunca imaginei que seria tão possível de acontecer”, assim começa a descrever em vídeo a campo-grandense Livia Zanon, 31 anos, sobre a experiência que muita gente aguarda com expectativa no mundo todo.
A felicidade dela é visível e a história que a antecede resume o que significa estar na hora e no lugar certos. Há pouco mais de três meses em Oxford, Livia não seria imunizada tão cedo também, mas aceitou cobrir uma funcionária que ficou doente, em um asilo.
“Ela pegou Covid, então pediram para eu fazer duas semanas e eu fui. Era para eu ter terminado na semana passada, mas pediram para eu fazer mais duas semanas”, conta. Por trabalharem com idosos, os funcionários do local poderiam tomar a vacina e a gerente perguntou para a campo-grandense se ela gostaria de ser imunizada. “É claro que eu aceitei”.
No vídeo de pouco mais de dois minutos, Livia mostra o caminho percorrido até o local, enquanto relata como a oportunidade surgiu. Logo depois, a imagem que muita gente quer viver, com a agulha no braço. “Muito rápido e não doeu nada!”. Para avaliar possíveis reações, as pessoas precisam permanecer no posto por 15 minutos e são liberados se estiver tudo certo. Ela ainda passará pela segunda dose.
“A mensagem é de esperança, porque as coisas não estão fáceis. Desenvolvi muita ansiedade, sei que não está sendo nada fácil para o mundo todo, mas estar no olho do furacão, onde está tudo acontecendo e piorando, não é fácil”. A Inglaterra está no terceiro lockdown e a atual restrição tem validade até 15 de fevereiro, mas, segundo Lívia, a medida deve ser prorrogada até fim de março.
Não é só no Brasil
A campo-grandense mora em um hostel, onde está com pelo menos nove pessoas da Argentina, França, Holanda, Estados Unidos e Inglaterra. “Eu estava super animada, mas ninguém ficou muito animado por mim não, quando souberam que eu seria vacinada, dizendo que o vírus têm várias mutações. Eles não querem tomar. Eu nem hesitei quando perguntaram se eu queria”.
Mas, é claro que, ao chegar na hospedagem, os amigos gringos perguntaram como foi a vacinação e disseram que estavam começando a criar coragem. “Não é uma questão de querer ou não, é uma questão de saúde pública, de responsabilidade. E eles falaram que era um bom ponto para pensar. Às vezes falta conversa, pesquisa, esclarecimento, e eu espero que, aos poucos, a gente abra a cabeça das pessoas em relação a isso. Eu acho que não estamos no luxo de escolher, porque as coisas estão bem difíceis, muita gente morrendo, a vida não está normal”.
Em dezembro, o Jornal Midiamax já tinha conversado com Livia. Na ocasião, vale lembrar, ela estava reticente sobre a imunização – com base na descrença de boa parte da sociedade, baseada em fake news – e, ainda assim, acreditava que seu grupo ia demorar a receber a vacina. “Eu ainda não decidi se vou tomar, mas acredito que vai demorar para chegar para a população, principalmente estrangeiros morando no país”, detalhou, na época. Agora, a coisa muda de figura. Afinal, se até a Rainha Elizabeth passou pela agulhada, por que não Livia?