Quer saber o segredo de aposentado que vive viajando? Dedicação ao trabalho, planejamento e espírito livre

A família da dona Adélia Alves Azambuja é de gente trabalhadora. Ela mesma ocupou-se como lavadeira para garantir uma vida bem melhor para Sandra, Alaide, Roberto e Wilmar. E o esforço dessa mãe foi reparado com distinção. É só prestar atenção nessa história. Era uma vez um jovem que, para ajudar a família, começou a trabalhar aos 13 anos e aos 15 já fazia parte do quadro de servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

“Em 1979, quando da implantação do Poder Judiciário no Estado, fui convidado para datilografar o regimento interno do órgão. Eu ainda não era funcionário. Depois desse primeiro contato com os Desembargadores iniciais e a primeira diretoria executiva, recebi o convite para ingressar no TJMS, quando ainda não havia concurso público”, recapitula Wilmar Nery da Silva.

Ocasião inclusive na qual o mais novo servidor não tinha ideia da importância do trabalho que desenvolveria na área administrativa do Tribunal. Quando trabalhava na Secretaria de Finanças, por exemplo, recebeu a missão de elaborar o primeiro orçamento do recém-criado Fundo Especial para a Instalação, Desenvolvimento e Aperfeiçoamento dos Juizados Cíveis e Criminais (Funjecc). Numa segunda situação, já na Corregedoria, participou da implantação do sistema de arrecadação nos cartórios extrajudiciais. Isso tudo sem falar na atuação para a implantação do selo de autenticação, que hoje é digital, e a implementação do ambiente virtual de aprendizagem na Ejud.

Porém, quer saber mesmo o que foi mais importante nessa trajetória? “Parece clichê, mas os amigos que se conquista, porque a instituição tem vida própria e anda por si só”, confessou o protagonista.

A jornada no TJMS foi intensa e a chegada da aposentaria reservou a mesma medida. “No dia que protocolei meu pedido, chorei bastante. Foi um momento muito difícil”. E para não sucumbir e ficar na frente da televisão aos parcos 56 anos, Wilmar se reinventou e deu um novo e aventureiro sentido para a vida. Se associou à mulher Marcia Regina na compra de um motorhome para explorar o mundo em boa companhia, de um jeito interessante, confortável e catártico.

“A primeira viagem foi para buscar e testar o motorhome. Ficamos uns dias em Florianópolis e redondezas e depois fomos a Caldas Novas. E a primeira viagem de opção foi para São Luís do Maranhão e Jericoacoara. Mas foi rápida, pois não tinha aposentado”. Daí a road trip corrompeu de vez o casal. “Viajamos bastante até agora. Já fizemos, por mais de uma vez, o percurso do litoral nordestino, Peru, Chile, Argentina e Paraguai, além do centro do Brasil”, conduz sem pensar em interrupções porque o roteiro de um futuro próximo inclui Roraima, Amapá, Amazonas e Espírito Santo.

O motorhome pode até estacionar, mas as façanhas alcançadas pela dupla agitada nunca. “É uma vida espetacular de conhecimento de novas culturas, da gastronomia local e conquista de novos amigos”, celebra, já sonhando em embarcar a neta Bia, de 2 anos, em uma das suas viagens biográficas.

Ainda sobre a vida afortunada, “creio que não nos afastamos de nossa raiz e do que temos como exemplo”, arremata o filho da dona Adélia, esposo da Marcia Regina, pai de Felipe e Fernando, e avô da Bia, que após 41 anos de trabalho para a justiça estadual, faz da aposentadoria uma virtude.

Fonte: TJMS