Ex-marido que assassinou Eloisa na frente dos filhos vai a júri popular oito meses após o crime

Exatamente oito meses após assassinar a ex-mulher Eloisa Rodrigues de Oliveira, de 36 anos, Fabiano Querino dos Santos, de 35, vai a júri popular nesta quarta-feira (16), em Campo Grande. Eloisa foi esfaqueada na frente dos filhos, no Bairro Parque do Lageado, e o autor preso dois dias após o crime, escondido na casa de um amigo, em Ribas do Rio Pardo, a 97 quilômetros da Capital.

O julgamento está marcado para esta quarta-feira (14) em sessão do Tribunal do Júri e o processo corre em segredo de justiça. Na época dos fatos, Fabiano foi  se escondendo na residência de um amigo, após a polícia receber denúncias.

Segundo o delegado Bruno Santacatharina, titular da delegacia do município à época, as informações eram de que um  que havia matado a mulher na Capital estava em um imóvel na Rua Benjamin de Oliveira.

Foi feito cerco na residência, com apoio de policiais da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e Fabiano foi escoltado até Campo Grande, onde passou por interrogatório.

‘Calmo e sem arrependimento’

Durante depoimento às delegadas da Deam Elaine Benicasa e Maíra Pacheco, Fabiano se mostrou uma pessoa fria e tentou justificar o feminicídio. “Estava bem calmo e, de certa forma, não demonstrou arrependimento”, disse a delegada Maíra. O acusado teria negado qualquer outra agressão contra a vítima, mas não se preocupou ao confirmar as quatro facadas que terminaram com a morte de Eloisa.

Fabiano insistiu em afirmar que matou Eloisa porque ela mantinha um relacionamento com outra pessoa. No entanto, não soube nem dizer o nome deste suposto amante. A suspeita é de que o acusado tenha inventado tal informação, agindo por motivo fútil. Na noite do crime o casal cozinhava quando ele pegou a faca e atingiu a vítima.

Além disso, Fabiano não teria gostado de não ter roupas ou sapato na casa da vítima. Ele também dizia que tinha sido “envergonhado diante da sociedade e da polícia”, por conta dos boletins de ocorrência já registrados pela vítima contra ele, 5 no total. Após as facadas, Fabiano saiu calmamente da casa, enquanto Eloisa gritava por socorro.

As delegadas ainda ressaltam que Fabiano contou que sentia revolta no momento em que dava as facadas na vítima, mais uma vez relatando não sentir arrependimento. Assim, Fabiano atribuiu à vítima a culpa das facadas, que acabaram com a morte de Eloisa na Santa Casa de Campo Grande.

Sobre outras denúncias por agressões já feitas pela vítima, Fabiano negou e disse que não a ofendia nem a agredia. “Disse que apenas a matou”, relatou a delegada Maíra. Como se nada fosse, Fabiano minimizou o fato, mas confirmou o feminicídio, alegando que optou por não agredir a vítima, ao invés disso, escolheu matar.

Também de acordo com as delegadas, Eloisa deixa 6 filhos, dos quais três são menores de idade. As crianças têm 8, 5 e 1 ano e 7 meses. Destas, as duas mais velhas presenciaram o assassinato da mãe e foram ouvidas em depoimento especial, quando confirmaram que também eram agredidas por Fabiano.

Um boletim de ocorrência foi registrado na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) por maus-tratos. A princípio, o acusado agredia a menina de 5 anos e o próprio filho de 1 ano e 7 meses. Foi feita recomendação para que as crianças passem por acompanhamento psicológico, por terem presenciado o crime.