Para manter os preços e evitar os prejuízos causados pelo desperdício, produtores de hortaliças reduzem o volume de produção durante o período mais frio do ano. Na Ceasa (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), o movimento de clientes se concentra nos boxes que vendem ingredientes para caldos e sopas.
Nelci Walter, 56 anos, vende somente folhagens e diz que o inverno representa uma grande contradição para quem trabalha com esses produtos, já que o período é considerado de safra. “O jeito é plantar menos para evitar que estraguem e sejam jogados fora, já que as hortaliças costumam durar pouco”.
Conforme o setor de abastecimento e mercado da Central, o estado tem autossuficiência no plantio de folhosas nessa época de baixas temperaturas. Dessa forma, procura-se colher menos para evitar que um aumento na oferta com baixa procura derrube os preços e pese no bolso dos produtores.
Isso não aconteceu com alguns produtos de fora, como berinjela, pepino, cará, inhame e jiló, cujos valores subiram em torno de 14% depois que os boxers receberam 50 caminhões a mais desses produtos este ano.
Para quem vende legumes que ficam bem em pratos quentes, o período é de boas vendas. É o caso de Deocélio Ramos Souza, 47 anos, que sentiu aumento na procura por batata doce e inglesa, abóbora cabotiá, cenoura, beterraba e inhame. “Tomate e as folhas, como alface, tem queda nas vendas porque são consumidos frios”.
Já Silvana de Oliveira disse que as vendas de acelga e repolho também cresceram. Ela atribui o aumento ao fato de que esses produtos podem ser usados em caldos e sopas. “Ontem mesmo foi bastante movimentado, no frio vendo mais legumes”, completa.
A única coisa que prejudica a produção de hortaliças é a geada. O fenômeno foi registrado em 11 cidades do estado nesta quarta, duas delas com sensação térmica de -5°C. A baixa nas temperaturas é efeito de uma frente fria vinda do litoral do Paraná acompanhada de uma massa de ar polar fria e seca.
Fonte: Ricardo Campos Jr e Bruna Kaspary