Mulher é presa acusada de fazer vista grossa em caso de estupro

Após a condenação de sete anos, a Operação Araceli mandou para a prisão uma mãe que consentiu com o estupro da própria filha. A mulher de 53 anos foi levada para a delegacia e de lá para o presídio nesta terça-feira, dia 18 de maio, mas enquanto ela paga pelo crime, o autor do estupro ainda aguarda em liberdade pelo julgamento.

A história por trás da condenação começa a ser desenhada quando a filha da presa tinha ainda 5 anos, idade na qual perdeu o pai. Um ano depois, a mãe se casou novamente, se envolveu com um servente de pedreiro. Não demorou muitos para os abusos começarem.

Dos 6 aos 12 anos a menina foi molestada. Na adolescente, a violência piorou. Foi quando a mãe soube e consentiu com crime. Ao descobrir que a enteada estava namorando, o homem se apoiou na religião da mulher para ter “autorização” para o estupro, jogou uma bíblia na mesa e afirmou que a partir daquele dia ficaria com a adolescente.

A jovem foi vítima do padrasto até os 16 anos, mas só conseguiu denunciar o crime que viveu em 2014, quando já tinha 24 anos. O caso passou por todo processo legal, primeiro de investigação na delegacia e mais tarde foi enviado a justiça. Em 2017 o autor e a mulher, com que, não era mais casado, foram denunciados pelo Ministério Público.

Por decisão judicial, o processo foi desmembrado. A mãe da vítima foi julgada pela omissão e consentimento com o crime e condenada a sete anos de prisão no regime semiaberto.

A ação envolvendo o autor, no entanto, seguiu outro caminho. Por um tempo o réu “desapareceu”, não foi encontrado pela justiça e por isso o processo ficou suspenso. Anos depois foi reativado. A prisão preventiva do autor chegou a ser decretada, mas logo foi revogada. Com a pandemia as audiências do caso foram mais uma vez adiadas. Somado a isso, o suspeito se mudou de Campo Grande para Santa Catarina, o que tornou mais burocrático os procedimentos.

Agora, enquanto a mulher começa a cumprir sua pena, a família espera pela primeira audiência do processo do autor, que está prevista para acontecer no próximo mês, no dia 28 de junho. No entanto, é inevitável o receio de que algo a impeça novamente. “É uma imensa contração. Quem cometeu o crime está impune e quem se omitiu está atrás das grades”, relevou o marido da vítima, de 34 anos, a reportagem do site Campo Grande News.

Enquanto o desfecho não vem, a vítima e toda família sofre com cada nova decepção e revive anos de descaso e violência.