Um reportagem feita a partir de imagens de uma câmara escondida gerou fúria na França após mostrar membros da elite de Paris desfrutando de jantares clandestinos em restaurantes de luxo, desrespeitando as restrições impostas devido à pandemia de Covid-19, e levou o promotor da cidade a iniciar uma investigação.
O inquérito foi aberto após uma reportagem do canal M6, que foi ao ar na sexta-feira (2), mostrar imagens feitas em dois restaurantes de luxo cheios de convidados sem máscara.
No vídeo, uma jornalista disfarçada entra em um restaurante com as persianas fechadas e é recebida por um garçom de luvas brancas. Ela é questionada em nome de quem ela foi convidada e é informada: “Depois que você passar pela porta, não haverá mais Covid”.
O maitre do restaurante explica que o menu começa em € 160 (R$ 1.070, em conversão direta) por pessoa. Por € 490 euros (cerca de R$ 3.300), os convidados podem saborear champanhe enquanto deliciam um foie gras com trufas e lagostins com molho de gengibre.
“Estamos investigando possíveis acusações de ameaça e trabalho não declarado”, disse um porta-voz do promotor de Paris à CNN na segunda-feira (5). “Vamos verificar se os encontros foram organizados em violação às regras sanitárias e determinar quem foram os potenciais organizadores e participantes”.
No mês passado, a França fechou todas lojas de serviços não essenciais, incluindo restaurantes, cafés, cinemas e clubes, enquanto o país luta contra uma terceira onda de infecções pelo novo coronavírus.
Um novo “lockdown limitado” entrou em vigor na semana passada, quando o presidente Emmanuel Macron advertiu que o país corre o risco de “perder o controle” da pandemia.
O vídeo continua ainda mostrando outro jantar sendo realizado em um ambiente luxuoso, com grandes tapeçarias e pinturas douradas. Os convidados são vistos trocando beijos no rosto.
O organizador afirma: “Esta semana jantei em dois ou três restaurantes, ditos restaurantes clandestinos, com um certo número de ministros”.
Devido à decoração reconhecível, o restaurante foi posteriormente identificado como Palais Vivienne, de propriedade de Pierre-Jean Chalençon.
O advogado de Chalençon divulgou um comunicado no domingo reconhecendo que a voz distorcida no vídeo pertencia a seu cliente, mas que ele estava brincando quando disse que ministros do governo compareceram a jantares.
O escândalo gerou fúria de muitas pessoas na internet, com a hashtag #OnVeutLesNoms (Queremos os Nomes, do francês) em destaque nos tópicos do Twitter na segunda-feira (5).
O porta-voz do governo, Gabriel Attal, disse ao canal de notícias LCI no domingo que as autoridades estão investigando denúncias de festas ilegais há meses e que 200 suspeitos foram identificados até agora. “Eles enfrentarão uma punição pesada”, acrescentou.
(Texto traduzido; leia o original em inglês)