Jovem internada fica no chão por falta de macas em hospital de MS: ‘Fiquei lá olhando pra cima com dor’

Meia hora deitada no asfalto, recebendo atendimento médico do Corpo de Bombeiros, após um acidente de trânsito que ocorreu há dois dias, em Campo Grande. A atendente de restaurante Yasmin Castilho Duarte, de 25 anos, achou que este seria o único entrave, até chegar no hospital. Sem macas, ela foi internada e ficou no chão aguardando exames a serem feitos, de acordo com a família.

“Me deixaram naquela prancha dura no chão, fiquei lá olhando pra cima com dor. Eu comecei no chão, até fazer raio-x e eles me colocarem numa maca alta, do Samu [Serviço de Atendimento Médico de Urgência], aquela que já estava retida lá. Primeiro, veio os bombeiros e depois o Samu, quando me pediram para esperar mais um pouco”, afirmou Yasmin.

A jovem teve alta médica na terça-feira (20). Ela disse que está em casa se recuperando com medicamentos, por conta da luxação que sofreu no joelho e canela. “O mais revoltante realmente foi ficar no chão, naquela situação”, lamentou Yasmim.

Jovem ficou no chão após sofrer acidente e aguardar vaga e maca em hospital de MS — Foto: G1 MS

Jovem ficou no chão após sofrer acidente e aguardar vaga e maca em hospital de MS — Foto: G1 MS

A irmã dela, a comerciante Karynna Castilho Duarte, de 29 anos, concorda. “Eu fui chamada para ir até o local do acidente e acompanhei tudo. Ela ficou mais de duas horas naquela prancha amarela no chão. Primeiro, foi uma luta para conseguir vaga e até ouvi quando o médico falou: só se ela ficar no chão, porque não tem maca. Ela chegou por volta da meia-noite e o raio-x ocorreu somente por volta das 3 horas da manhã. E então eu fiz a foto, foi exatamente daquele jeito que ela ficou, é humilhante e revoltante demais”, ressaltou ao G1.

Conforme o Corpo de Bombeiros, o problema está ocorrendo com frequência desde o mês de setembro deste ano. De acordo com o comando metropolitano, em 30 dias, foram 102 casos registrados em que houve a falta de macas. Além do transtorno durante o atendimento, existe o sofrimento dos pacientes e outros que aguardam uma transferência, por exemplo.

Entenda o caso

Yasmin sofreu acidente na segunda-feira (19), na avenida Costa e Silva, em frente ao Terminal Morenão. Ela contou que estava de moto, a caminho de casa, após sair do serviço. Na ocasião, Yasmim disse que uma motorista fez uma conversão errada, sem dar seta e a atingiu.

Motoristas que presenciaram o acidente acionaram socorro e ela foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Leblon.

Em nota, o comando afirmou que determinou que as unidades dos bombeiros devem continuar atendendo aos pacientes usando pranchas rígidas. Neste caso, a vítima será transportada no banco da unidade e presa ao cinto de segurança. Se houver resistência, a coordenação de urgência do município deve ser acionada.

Conforme o comandante dos bombeiros, Marcelo Fraya, a decisão é para evitar a demora no atendimento das vítimas, no local do acidente. Conforme o Samu, durante a gravação da reportagem nesta manhã (21), seis macas ficaram retiradas e, por isto, duas unidades avançadas de atendimento, além de quatro unidades básicas, permaneceram paradas na cidade.

Corpo de Bombeiros alegou que problema da falta de macas é recorrente em MS — Foto: G1 MS

Corpo de Bombeiros alegou que problema da falta de macas é recorrente em MS — Foto: G1 MS