Picanha a R$ 84 muda hábito e churrasco do sul-mato-grossense

Com a alta nos preços da carne em açougues,  continuar consumindo o item diariamente tem sido desafio para muita gente que precisa manter o orçamento familiar em dia. Em Campo Grande, é possível encontrar o quilo da picanha por até R$ 84, o que obriga o cliente a substituir a carne tão cobiçada por uma peça de segunda na hora do churrasco.

Em um açougue da Rua Albert Sabin, no bairro Caiçara, a proprietária Rebeca Botelho explica que apenas na semana passada, o fornecedor aumentou o valor da carne por duas vezes, e a alta no preço precisou ser repassada para o consumidor.

“É meio complicado [lidar com a alta], as pessoas nem sempre aceitam muito, mas estamos tentando equilibrar. Se o preço fica lá em cima, querendo ou não, temos um certo prejuízo”, disse.

A proprietária também ressalta que os clientes mudaram o hábito na hora da compra, preferindo pagar com cartão de crédito. “No cartão aumentou 30% e o cliente está procurando mais carnes de segunda, como o músculo para moer e a agulha”, complementa.

No estabelecimento, o quilo do filé mignon custa R$ 42,98, a picanha R$ 39,90 (kg), músculo e agulha R$ 25,48 o quilo.

No Taveirópolis, a gerente de um açougue, Debora Zubki, 26 anos, diz que para manter a clientela adere aos dias de promoção, distribuição de brindes e sorteios. Os consumidores também estão optando por carnes com quilo mais barato, como o frango, linguiça. Cerca de 60% dos consumidores do açougue mudaram o tipo de peça consumia antes do aumento.

“Para o churrasco de fim de semana, antes era picanha e agora trocam por contrafilé, ou se antes era contrafilé, agora compram miolo de agulha”, relata.

No açougue é possível encontrar o quilo do filé mignon a R$ 65,71, picanha por R$ 84,90 (kg), agulha R$ 29,51 (kg); e puchero R$ 14,99 (kg).

Em outro comércio na Rua Maonel Joaquim de Moraes, no Jardim Leblon, o gerente Ary Moretti, 66 anos, explica que prefere manter a qualidade no atendimento para segurar a fidelidade da clientela.

“A qualidade é nossa arma para superar (crise). Só trabalhamos com bovino e novilha. O povo continua comprando, não deixa de comprar, mas compra menos. Quem comprava 2 quilos de bife de coxão mole, hoje compra 1,5 quilo ou preferem as carnes segunda”, completa.

No estabelecimento dele, o filé mignon é encontrado a R$ 48,90 (kg); picanha R$ 59,90 (kg); agulha e músculo por R$ 25,90 (kg); e puchero por R$ 15,90 (kg).